Clube do livro (página 25 de 27)

Que leitor nunca sonhou em fazer parte de um clube do livro? Essa é a hora! Vamos selecionar um título e queremos que você leia e discuta com a gente!

[Vozes de Tchernóbil] Semana #2

Depois de um início emocionante, no qual gastamos uns tantos lencinhos de papel, foi bastante difícil parar a leitura de Vozes de Tchernóbil. Mas somos obedientes e só agora vamos avançar a primeira parte, até a página 121. 

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

As 50 primeiras páginas de Vozes de Tchernóbil são arrebatadoras.

O capítulo de abertura, “Nota histórica”, traz uma coletânea de publicações bielorrussas na internet entre 2002 e 2005. Para os leitores que não estão tão familiarizados com a catástrofe, a introdução é bem-vinda. Números, datas, nomes, localidades começam a desenhar o cenário que encontraremos na sequência. Tudo assusta – quantidade de mortos, alcance da radiação, incidência atual de doenças oncológicas na região.

Um desses excertos fala do sarcófago construído às pressas para conter o quarto reator, que “continua guardando nas suas entranhas de chumbo e concreto armado cerca de duzentas toneladas de material nuclear”. Esse trecho resume bem o sentimento que temos ao terminar a leitura desse primeiro capítulo. É a sensação de pavor. Pavor diante do mal à espreita:

O sarcófago é um defunto que respira. Respira morte. Quanto tempo ainda se sustentará? A isso ninguém responde.

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[Hibisco Roxo] Semana #9

No post de hoje, o último sobre Hibisco Roxo, abrimos espaço para que os leitores que nos acompanharam ao longo dessa leitura pudessem compartilhar o que acharam do livro. Ficamos muito felizes com a participação de vocês!

Ana Carolina Athanásio

Em primeiro lugar gostaria de enfatizar o quão acertada foi a escolha de Hibisco Roxo. Colocar uma escritora negra, feminista e africana no primeiro Clube do Livro já saiu do lugar comum. Nós, acostumados com a literatura branca ocidental, já não temos quase contato com a literatura africana – deixada na periferia da periferia do mundo literário e só recentemente ganhou força com Mia Couto, Agualusa, Nadine Gordimer e Chimamanda (dentre muitos outros poucos citados) – e o livro ajudou a descobrir um pouco sobre o que é ser mulher, vítima de uma sociedade machista no seio de um continente praticamente ignorado.

No começo o livro causou realmente uma estranheza pelo fato de parecer tudo tão surreal se pensarmos na sociedade em que vivemos. Mas no final você percebe que talvez a “vida real” seja realmente assim.

O autoritarismo e machismo de Eugene fez vítimas: filhos e esposa. Seu fanatismo religioso e intolerância o afastou de seu pai pelo simples fato dele ter se mantido fiel ao lado místico/religioso da cultura nigeriana.

O contraponto encontrado por Chimamanda foi sensacional. Colocar a tia Ifeoma como sinônimo de uma possível liberdade real foi uma ótima tacada da autora para deixar ainda mais forte o sentido de repulsão do leitor diante dos atos de Eugene.

Por fim, vale ressaltar que Chimamanda escreve de um jeito fácil e sereno. Foi uma leitura maravilhosa por ter fluído facilmente, o que não faz do livro raso. A maneira com que incluiu certas palavras locais e expressões nigerianas (que às vezes passam e nem percebemos) foi bacana para dar essa ideia de proximidade em relação aos personagens.

E que, após esse primeiro Clube do Livro, venha Svetlana Aleksiévitch. : )

 

Gabriela Domingos

A história narrada por Kambili é sensível e delicada. Uma leitura que flui, incomoda e provoca a reflexão. Em diversos momentos somos levados a sentir as dores físicas e psicológicas de uma família marcada pela intolerância da figura paterna. Em outros momentos, a esperança para as situações adversas aparece com as risadas de Tia Ifeoma, a melhor personagem. Enfim, o livro é ótimo do começo ao fim.

 

Gabriella Levorin

Hibisco Roxo foi o segundo livro que li esse ano. Após uma leitura um pouco tensa e lenta de Too Big to Fail (Andrew Ross Sorkin), tudo o que eu precisava era da indicação de um livro escrito por Chimamanda! Ela tem uma escrita fluída, que te prende facilmente aos personagens e faz com que você sinta que está assistindo a tudo de perto, lá na Nigéria, onde a história se passa. Eu amei o livro. A história parece simples, mas os episódios de tensão com o pai de Kambili, a autoridade imposta por ele, a submissão à religião, a descoberta de um novo lado com a Tia Ifeoma e o Padre Amadi, tudo visto sob a ótica da inocência de uma menina de 15 anos, faz com que você devore as páginas e acabe o livro em 2 dias (sim, eu roubei no Clube do Livro, confesso)! Ótima indicação e ótimas análises, meninas! Prometo ser mais obediente com o próximo livro. 

 

Lilian Cantafaro

Em Hibisco Roxo, Chimamanda nos apresenta um pouco da cultura nigeriana: o idioma Igbo, a culinária, as vestimentas coloridas, as crenças. Ela nos mostra ainda que suas tradições foram fortemente oprimidas pela colonização inglesa, seja pela obrigação do uso do inglês como língua oficial, que passa a ser falado pela elite e parte da sociedade que tem acesso à educação – rejeitando assim os dialetos falados pelo povo mais simples – ou pela forte imposição do cristianismo, condenando as crendices religiosas locais.

A autora não cobre com riqueza de detalhes a época da ditadura, mas é por meio de uma família que ela nos dá o clima de tensão, intolerância e violência a que o país foi submetido nesse período.

Tudo se modifica quando da chegada de um personagem que representa a liberdade. É este personagem que fará com que a família reflita e não aceite mais a submissão, reivindique a liberdade de expressão e até mesmo o respeito aos costumes e cultura nigerianos. É também este personagem que nos mostra que estes dois mundos, a Nigéria antiga e a colonizada, são passíveis de conviverem sem que uma precise se sobrepor ou anular a outra.

O caminho a seguir em direção à liberdade é apontado, mas será a própria família – representando aqui o povo nigeriano – que terá que, entre acertos e erros, descobrir como fazê-lo.

[Vozes de Tchernóbil] Semana #1

Foi dada a largada! Começamos o segundo Clube do Livro do Achados & Lidos. O título da vez é Vozes de Tchernóbil, da escritora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2015. Para a próxima semana, vamos ler até a página 51.

Saímos da Nigéria de Chimamanda Ngozi Adichie para Ucrânia de Svetlana Aleksiévitch. De uma tragédia familiar para uma tragédia social. O cenário é o desastre nuclear de Tchernóbil, em 26 de abril de 1986, que levou centenas à morte nos dias seguintes ao acidente, por causa do contato com a radiação. Nos anos posteriores, outros milhares também sofreriam de problemas decorrentes da exposição às partículas radioativas irradiadas da usina.

Como lembra a Companhia das Letras, selo responsável pela edição brasileira, tão grave quanto o acontecimento foi a postura dos governantes e gestores soviéticos, que nem desconfiavam estar às vésperas da queda do regime, ocorrida poucos anos depois. Esquivavam-se da verdade e expunham trabalhadores, cientistas e soldados à morte durante os serviços de reparo na usina.

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[Hibisco Roxo] Semana #8

Chegamos ao fim de Hibisco Roxo! Foram oito semanas de leitura prazerosa e de um debate interessante. Agora, queremos saber: o que vocês mais e menos gostaram no livro da Chimamanda Ngozi Adichie? Mande sua opinião para nosso e-mail blogachadoselidos@gmail.com. Vamos publicar as impressões por aqui na semana que vem!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Eu ri. Rir parecia muito fácil agora. Muitas coisas pareciam fáceis agora.

Esta frase de Kambili representa muito bem a narrativa de Hibisco Roxo. Como comentamos por aqui na semana passada, este é um livro sobre liberdade. Ou melhor, sobre a descoberta da liberdade.

Kambili percorreu um longo e delicado caminho de reconhecimento do que é o mundo longe da intolerância do pai. Chimamanda, com sua escrita sensível e próxima, posiciona o leitor ao lado da jovem narradora e nos faz perceber o mundo pelos seus olhos.

A princípio, sentimos estranhamento. Em que século vive esta garota? Será uma criança? De onde surgiu uma figura como Papa? Mas à medida que a leitura avança, a empatia pela menina e seu contexto familiar, social e político só aumenta. Chimamanda consegue isso, porque questiona nossos preconceitos e nos tira da posição de julgar a situação pelas nossas verdades e cultura. Com sutileza e uma habilidade admirável para usar metáforas, a escritora nos apresenta a cultura nigeriana (com direito a detalhes sobre o idioma igbo, a culinária e a moda local) e também nos conta a história de opressão daquele povo, que sofre as heranças de um processo de colonização. Nos sentimos próximas de Kambili, porque, assim como ela, também estamos mergulhando no desconhecido. É tempo de descoberta para a jovem e para nós, leitores.

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[Hibisco Roxo] Semana #7

Agora é reta final! Na próxima semana, vamos até o fim do livro. Dá dor no coração nos despedir de Hibisco Roxo, mas precisamos confessar: está quase impossível segurar o ritmo nessas páginas finais!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O descontrole de Papa marcou essa última leitura. E, desta vez, a vítima não foi somente Mama. Kambili também sentiu a violência e a intolerância do pai. Depois de flagrar ela e o irmão admirando o retrato do avô, Papa dá uma surra que leva a menina ao hospital em estado grave.

Sempre depois de cometer suas atrocidades, Eugene tem lampejos de preocupação:

O rosto de Papa estava próximo do meu. Tão perto que seu nariz quase tocou o meu, mas mesmo assim vi que seus olhos estavam mansos, que ele falava e chorava ao mesmo tempo.

– Minha filha preciosa. Nada vai acontecer com você. Minha filha preciosa.

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