Autor: Mariane Domingos (página 7 de 43)

[Lista] 18 seleções para uma Copa do Mundo literária

Seguimos em clima de Copa do Mundo no Achados & Lidos! Os times que disputam a competição neste ano foram a inspiração para esta lista. Resolvi montar uma seleção de autores que poderiam muito bem representar seus países em uma copa literária. Algumas equipes ficaram desfalcadas, por isso conto com você para completar essa convocação!

Rússia: montar uma seleção russa de escritores é tarefa quase tão difícil quanto foi convocar a seleção brasileira de futebol de 70. Sobram craques. Mas, já que temos que escolher um representante, não tem como deixar de fora o maior deles: Fiódor Dostoiévski. Autor de clássicos, como Crime e Castigo e Os Irmãos Karamázov, Dostoiévski alcança, com sua escrita, os meandros mais recônditos da alma humana, além de fazer um retrato insubstituível da sociedade russa do século XIX. Quer mais motivos para ler Dostô? Veja esta outra lista.

Brasil: tem como pensar em outro nome que não o de Machado de Assis? Criador de personagens emblemáticos da literatura mundial, como Bentinho, Capitu, Brás Cubas e Simão Bacamarte, a obra desse gênio se caracteriza por um texto primoroso, pelo vanguardismo narrativo e pela ironia fina. Ainda não se convenceu? Leia este post.

Irã: não conhecia nenhum representante da literatura iraniana até que um dos kits da TAG trouxe a autora integrante da diáspora iraniana, Bahiyyih Nakhjavani. Ainda não li o livro, intitulado O Alforje, mas estou curiosa para conhecer mais sobre a cultura e história desse país. 

Japão: não conheço muito a literatura oriental, então não fugirei do clichê Haruki Murakami. Ele, que há tempos é cotado para um Nobel, ainda não conquistou o feito e, no último ano, viu seu compatriota, o nipo-britânico Kazuo Ishiguro ser laureado (temos resenha aqui). Confesso que não sou leitora fervorosa de nenhum dos dois… Aceito sugestões para melhorar meu conhecimento da literatura japonesa!

México: um dos livros contemporâneos mais interessantes que li nos últimos tempos foi A História dos Meus Dentes, da jovem e talentosa mexicana Valeria Luiselli. Ficou curioso? Saiba mais nesta resenha.

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[Resenha] Sepulcros de Vaqueiros

Sepulcros de Vaqueros (Alfaguara, 196 páginas, ainda sem tradução para o português) é um deleite para os leitores iniciados na obra do chileno Roberto Bolaño. Com várias referências a outras produções do escritor, as três histórias que compõem essa publicação póstuma – PatriaSepulcros de Vaqueros e Comedia del Horror de Francia – datam dos anos 90 e 2000.

Todas trazem temas caros à escrita de Bolaño – a violência, a ditadura chilena, a América Latina, a juventude, a literatura e a ficção científica. A resistência aos finais definitivos, característica marcante em seus romances, ganha ainda mais força nessas narrativas curtas.

Por serem textos que, provavelmente, ficaram sem conclusão ou foram aprimorados posteriormente em obras de maior fôlego, nas três histórias dessa coletânea, é possível assistir aos bastidores da escrita de um grande autor. Nessas narrativas, embora não se encontre o crème de la crème de sua literatura, desfruta-se um Bolaño mais livre e não menos genial.

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Futebol

Futebol se joga no estádio?
Futebol se joga na praia,
futebol se joga na rua,
futebol se joga na alma.
A bola é a mesma: forma sacra
para craques e pernas de pau.
Mesma a volúpia de chutar
na delirante copa-mundo
ou no árido espaço do morro.
São voos de estátuas súbitas,
desenhos feéricos, bailados
de pés e troncos entrançados.
Instantes lúdicos: flutua
o jogador, gravado no ar
— afinal, o corpo triunfante
da triste lei da gravidade.

 

Carlos Drummond de Andrade

[Divã] Navegar é preciso

Viajar é outra paixão do Achados & Lidos. Para além das viagens que nossas leituras nos proporcionam, sempre que possível partimos para conhecer lugares, pessoas e culturas diferentes.

Quem nos acompanha no instagram, está acostumado aos posts com a hashtag #turismoliterário. Nossos roteiros incluem, invariavelmente, passeios relacionados ao universo dos livros.

Minha última aventura foi em Havana, capital de Cuba. Foram muitas as livrarias charmosas que encontrei por lá, mas também me surpreendi com as referências às estadias de escritores famosos na ilha.

Em Habana Vieja, centro histórico e mais turístico da cidade, encontramos o Café La Columnata Egipciana, frequentado por ninguém menos que Eça de Queirós em seu período como Cônsul de Portugal de Havana (1872-1874).

Nesse mesmo bairro, vários pontos lembram outro habitué da cidade: Ernest Hemignway. Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1954, o escritor americano era apaixonado pela ilha, onde morou entre 1939 e 1960. Os bares La Bodeguita del Medio e El Floridita, ambos em Havana, trazem na fachada e no seu interior a figura do célebre cliente.

Esses passeios me levaram a pensar sobre o quanto grandes escritores foram (ou são) grandes viajantes. Gabriel García Márquez, por exemplo, embora tivesse uma ligação especial com Cartagena, cidade litorânea de sua terra natal, era um verdadeiro cidadão do mundo. Um dos meus livros favoritos de Gabo é uma coletânea de contos que ele escreveu durante sua temporada na Europa – Doze Contos Peregrinos. São 12 histórias curtas que têm um traço em comum: concentram-se em latino-americanos que perambulam pelo Velho Continente.

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[Resenha] Bel-Ami

Bel-Ami (Estação Liberdade, 368 páginas), obra mais conhecida do escritor francês Guy de Maupassant, tem tudo que um bom romance exige. O enredo é envolvente, os personagens passam longe da superficialidade e o estilo é fiel à sofisticação da literatura francesa. Não é difícil entender por que o livro continua conquistando leitores 133 anos após a sua publicação.

A história é centrada no sedutor George Duroy, cujo apelido, especialmente entre as mulheres, é Bel-Ami (“belo amigo”). Filho de camponeses e suboficial devolvido à vida civil, Duroy é mais um rapaz pobre tentando a vida em Paris no final do século XIX.

Depois de reencontrar um camarada de regimento, sua sorte começa a mudar. Charles Forestier, redator no jornal La Vie Française, é o responsável por tirar Duroy de um emprego mal remunerado em uma companhia férrea e introduzi-lo no meio jornalístico.

Dono de uma beleza incontestável, bem representada em seu bigode característico e sedutor, Duroy se dá conta, assim que começa a frequentar o círculo de amigos de Forestier, do quanto seu charme pode acelerar seus planos de ascensão social:

Então Forestier começa a rir: – Diga então, meu amigo, você sabe que realmente faz sucesso entre as mulheres? É preciso cuidar disso. Isso pode levá-lo longe. – Ele se cala um segundo, depois retoma, com um tom sonhador de quem pensa em voz alta: – Ainda é por elas que se chega lá mais rápido.  

Duroy não hesita em seguir esses conselhos. Sua primeira vítima é uma amiga da esposa de Forestier, Clotilde de Marelle. As ausências frequentes do marido, por causa do trabalho, facilitam o envolvimento amoroso da Sra. de Marelle com Duroy. Nesse período, o Bel-Ami ainda está se firmando no jornal e seus rendimentos não são suficientes para bancar as extravagâncias da nova vida. Não são poucas as vezes que Clotilde o socorre financeiramente. Embora se faça de rogado, Duroy sempre acaba aceitando a ajuda da amante.

As personagens femininas do romance de Maupassant desempenham um papel tão central quanto o de Duroy na história. Se, por um lado, elas são vistas como pouco confiáveis, interesseiras e tolas, como a Sra. de Marelle, que não hesita em trair o marido e cair na conversa do Bel-Ami, por outro lado, a invisibilidade social da mulher também é abordada.

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