Nas últimas semanas, a Amazônia esteve no centro do debate no Brasil. Seguindo tendência já observada em 2019, o desmatamento continua a aumentar na região com uma rapidez alarmante, ameaçando a biodiversidade de um dos biomas mais importante do planeta. A questão se tornou tão urgente que tem mobilizado grandes empresas, sociedade civil e ONGs na articulação de políticas que poderiam ser adotadas imediatamente para conter a devastação. O debate, ainda assim, continua repleto de desinformação e notícias falsas, muitas vezes espalhadas por representantes do próprio governo. Para lidar com alguns desses mitos e achismos fáceis, listamos três ótimas leituras para aumentar seu grau de informação sobre Amazônia e, principalmente, sobre a relação que nós, seres humanos, temos hoje com a natureza. E, claro, como podemos mudá-la. Tem outras dicas? Compartilhe com a gente aqui nos comentários!
Amazônia – Por uma economia do conhecimento da natureza, por Ricardo Abramovay: Pesquisador da Universidade de São Paulo, Abramovay é uma das principais autoridades sobre Amazônia. Neste livro curto e extremamente didático, o autor reúne dados e pesquisas de fonte confiáveis que mostram a importância dos serviços prestados pela floresta para a agricultura, o falso dilema entre desenvolvimento econômico e conservação e ainda rebate argumentos datados, como aquele que diz que a Europa hoje defende a manutenção das florestas brasileiras em pé, embora tenha derrubado as suas. Com dados, Abramovay mostra que não é bem assim e aponta que o Brasil só teria a ganhar como liderança na retomada verde, assunto de 10 entre 10 economistas no mercado no momento.
Ideias para Adiar o Fim do Mundo, de Aílton Krenak: Importante pensador indígena, o autor deste pequeno grande livro traz uma provocação interessante ao longo de três ensaios: a humanidade como construída pelo pensamento europeu nos últimos séculos está fadada ao ocaso, em especial porque se vê como uma entidade separada da natureza, como se não dependêssemos dos recursos finitos que a Terra nos provê, os quais temos consumido de forma voraz. O autor ainda expõe as tensões crescentes entre o Estado e as populações indígenas, não só na Amazônia, mas também em outros territórios (os Krenak habitam o vale do Rio Doce), e nos convida a sonhar em um mundo em que não mais o homem seja a medida de todas as coisas. Se você se animar com a leitura, procure também por O Amanhã Não Está À Venda.
A Revolução das Plantas, por Stefano Mancuso: A princípio, você poderia torcer o nariz para um livro de um botânico italiano. Afinal, a pilha de títulos não lidos nunca para de aumentar, e talvez esse não seja a prioridade. A minha recomendação é que você repense essa escolha, porque Revolução das Plantas é das obras mais interessantes que encontrei nos últimos tempos. Mancuso também é didático e mostra, de forma leve e bem-humorada, como compreendemos mal o universo das plantas, simplesmente porque sempre pensamos nelas em contraposição aos animais e sua capacidade de movimentação. As lições vão da memória até como a democracia poderia funcionar melhor, e valem cada página, especialmente em tempo em que damos cada vez menos valor à enorme biodiversidade que estamos deixando desaparecer na Amazônia.
Tainara Machado
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