Os acertos de conta começam a ser feitos em Moscou, onde se desenrola uma investigação sobre o que, afinal, aconteceu no Teatro de Variedades durante o espetáculo da trupe diabólica. Na próxima semana, encerramos a leitura de O Mestre e Margarida, com certeza uma das mais marcante do nosso Clube do Livro! Também acompanhou conosco? Não deixe de enviar seu comentário sobre a leitura!
Por Mariane Domingos e Tainara Machado
As páginas finais de O Mestre e Margarida se aproximam e, aos poucos, começamos a colocar alguns pontos finais nessa história hilariante. Como não poderia deixar de seu quando se trata de Bulgákov, mesmo os acertos de conta têm um quê de delirante.
Em sua imersão na obra do mestre, Margarida lê mais um trecho da história de Pôncio Pilatos. Os dias seguintes à crucificação de Ha-Notzri (Jesus, na grafia original) não trazem paz para o procurador, como ele já temia. Judas de Queriote, que traiu seu mestre por trinta tetradracmas, foi morto em uma emboscada. O oficial de inteligência encarregado de evitar esse assassinato não o conseguiu. Marcos, um dos leais seguidores de Jesus, também tinha o mesmo desígnio, até saber que o traidor está morto. Pilatos chama para si essa responsabilidade, e sabemos que se aproxima o momento em que ele terá que enfrentar o peso de suas decisões.
Ao fim deste capítulo, estamos de volta a Moscou. A versatilidade estilística de Bulgákov torna essas alternâncias ainda mais surpreendentes para o leitor. Já falamos sobre isso antes, mas a diferença de linguagem, de tom e de estilo descritivo é tão marcante quando passamos de Moscou para Ierushalaim que realmente parece que estamos lendo uma obra dentro da obra.
Quando Margarida termina sua leitura e passa a observar seu entorno, o tom severo usado para descrever a vida de Pôncio Pilatos são substituídos por uma linguagem mais flexível, capaz de dar vida a um gato que fala e não é atingido por tiros, mesmo que desferidos à queima-roupa. Se lá o mistério da morte de Judas de Queriote deixa a todos estupefatos, Margarida encara com tranquilidade sua noite anterior:
Seus pensamentos não eram confusos, e ela não se abalava de jeito nenhum por ter passado uma noite sobrenatural. Não se inquietava com a lembrança de ter ido ao baile do satanás, de que, por algum milagre, o mestre voltara para ela, de que o romance surgira das cinzas, de que se via novamente em seu lugar, no porão da travessa, de onde fora expulso o delator Aloízi Mogarytch.
Se Margarida não estranha as circunstâncias em que sua vida foi restabelecida, uma investigação movimenta o Teatro de Variedades para tentar elucidar os acontecimentos sombrios dos dias anteriores..Bulgákov brinca com a passagem do tempo, nos fazendo lembrar que o passeio da trupe diabólica pela cidade durou pouco, embora a visita tenha causado tamanho rebuliço que o tempo pareça ter se dilatado.
Doze pessoas realizavam a investigação, unindo, como uma agulha de tricô, os malditos nós dessa caso complexo, esparramados por toda Moscou.
Os interrogatórios de personagens reencontrados, como Rímski, Likhodêiev e Varienukha, têm resultados parecidos: todos pedem para ser trancados em câmaras blindadas, para escapar de Woland e sua turma.
Se as testemunhas são capazes apenas de uma descrição geral do trio procurado, o cerco ao diabo não traz resultados muito mais animadores. A burocracia estatal, com suas diversas instâncias, segue na investigação, mas só chega ao apartamento da Sadovaia no sábado. Em uma perseguição surreal ao gato Behemoth, que parece imune a tiros, fica claro que esse acerto de contas não será possível: é sempre o diabo que escolhe com quem ele quer se encontrar, e não o contrário.
Caminhamos para as páginas finais do livro! Está gostando? Deixe seu comentário por aqui!
Achados & Lidos
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