Depois do grande baile, chegou a hora do reencontro entre o Mestre e Margarida. Com diálogos cheios de ironia e humor, Bulgákov vai conduzindo o leitor ao desfecho dessa narrativa. Para a próxima semana, avançamos até o início do capítulo 28 ou página 346, se você tem a edição da foto.
Por Mariane Domingos e Tainara Machado
Depois de cumprir todas as condições da trupe diabólica e passar uma noite surreal e exaustiva como anfitriã do baile, Margarida pode, enfim, reivindicar sua parte no trato. Porém, como todos os momentos até agora envolvendo o diabo, esse também é carregado de armadilhas, testes e, claro, muito humor e ironia.
Ao contrário da maioria dos personagens, Margarida é bastante perspicaz. Ela consegue desvendar, sem grandes dificuldades, a agenda oculta de Woland. Quando a noite do baile se encaminha para o seu final, ela percebe que, embora tenha seus direitos diante do combinado, aquela trupe era poderosa demais para que ela se arriscasse com cobranças.
Margarida começa, então, a se despedir de todos para voltar para a casa. O diabo a detém e lembra que ela tem direitos naquele trato. Tudo não passava, enfim, de um teste. Se a própria Margarida tivesse imposto sua vontade, com certeza teria recebido uma bela lição:
– Nós a testamos – prosseguiu Woland -, nunca peça nada! Nunca, nada, especialmente a quem é mais forte do que a senhora.
Ainda insegura de revelar seu verdadeiro desejo, Margarida pede a libertação de Frida, a mulher que ela conheceu no baile e que vagava pelo mundo das sombras atormentada pelo assassinato do filho. Esse arroubo de misericórdia suscita no diabo um misto de decepção e pena por aquele sentimento que ele considera uma fraqueza:
– Estou falando de misericórdia – explicou-se Woland, sem tirar os olhos ardentes de Margarida. – Às vezes, de modo completamente inesperado e traiçoeiro, ela se infiltra nas menores fendas.
O diabo atende Margarida, mas garante que ela ainda tem mais um pedido, já que a libertação de Frida ela mesma poderia conseguir. A rainha devia pedir algo que só ele pudesse dar. Com sua retórica sempre tentadora, Woland encurrala Margarida até a confissão do seu verdadeiro desejo: reencontrar o Mestre.
O Mestre surge então com sua veste hospitalar, profundamente abatido. Em um primeiro momento, toma a visão de Margarida como mais um sinal de sua loucura. Lhe custa acreditar que tenha retornado à companhia de sua amada, ainda mais em presença daquele descrito anteriormente por Ivan, “que tentou provar que não existo”, como lembrou Woland.
O diabo consegue então recuperar o manuscrito queimado do mestre e restaurar os dois ao seu antigo apartamento, fazendo desaparecer de lá, com seus já conhecidos truques, o novo inquilino.
Parando de chorar, Margarida pegou um dos cadernos intactos e encontrou a passagem que lia antes do encontro com Azazello nos muros do Kremlin. Margarida não tinha vontade de dormir. Acariciava o manuscrito com ternura, como um gatinho querido, e o virava nas mãos, olhando de todos os lados, ora parando na capa, ora abrindo no fim.
A ordem aparente parece, assim, ter sido reestabelecida em Moscou, com o retorno de Margarida e do mestre para casa e a despedida da trupe do diabo. No entanto, ainda aguardamos o desfecho para todos aqueles que acabaram enviados ao manicômio por causa de ideias endiabradas.
No capítulo seguinte, somos levados de volta para Ierushalem. Após a tempestade que caiu sobre a cidade e o monte Calvário, Pôncio Pilatos também procura retomar o controle sobre a cidade, após as agitações que levaram à crucificação de Jesus no dia anterior. Um obstáculo para a volta dessa calmaria, no entanto, é a morte esperada de Judas de Queriote, conhecido por ter traído Jesus.
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