Sei que chego atrasada ao assunto, mas recentemente descobri uma nova maravilha da humanidade, proporcionada pela tecnologia: os podcasts.
Para quem também perdeu essa onda, os podcasts são basicamente programas de rádio que você pode ouvir quando quiser: basta ter um novo episódio disponível. Para quem passa aproximadamente 80 minutos diários no trânsito, essa tem sido a salvação para usar o tempo de deslocamento de forma minimamente útil.
No começo, (ou)via com desconfiança esse formato. Há, claro, um certo amadorismo, já que mesmo quando o conteúdo é produzido por instituições conhecidas, nem sempre quem os apresenta tem as habilidades encontradas em locutores de rádio, como uma voz sonora e boa desenvoltura.
Aos poucos, no entanto, percebi que em muitos casos a função supera a forma. Em tempos nos quais somos bombardeados por conteúdo de todos os lados, a curadoria oferecida pelos podcasts é ímpar.
Hoje, por exemplo, vim para o trabalho ouvindo a #RádioCompanhia,da Companhia das Letras, sobre a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que acabou de acontecer. Mas em vez do noticiário sobre as mesas e personalidades que passaram pela cidade, o programa trouxe uma conversa com Mariana Mendes (editora do canal Bondelê no YouTube), Paulo Werneck (editor da Quatro cinco um, a revista dos livros) e Max Santos (gerente de eventos da Companhia das Letras), na qual os três falaram de reminiscências sobre a Festa, relembrando grandes momentos da Flip e comentando o momento atual (se ficou curioso, corre lá para ouvir).
Já o podcast Fiction, da revista The New Yorker, funciona quase como um clube do livro. Mensalmente, a editora de ficção, Deborah Treisman, recebe um convidado para leitura de algum trecho, que pode variar de um contato de Margaret Atwood a Jorge Luis Borges. É uma ótima oportunidade para ouvir autores em atividade, como David Sedaris, que participou de um episódio recente.
Alguém poderia perguntar se, como entusiasta dos podcasts, também ando me aventurando pelos audiolivros, um formato que parecia ter morrido no início dos anos 90, mas que ressurgiu com força recentemente, como relata a escritora Carol Bensimon em um texto especial para a revista piaui.
Já consolidado nos Estados Unidos, onde as vendas chegam nas dezenas de milhares, com faturamento bilionário, o formato também tem atraído a atenção de empresas locais, como a Ubook e a Tocalivros.
Neste último caso, é possível fazer uma assinatura mensal de R$ 19,90 para ouvir os livros disponíveis no catálogo, entre eles bestsellers como A Arte da Guerra, de Sun Tzu. Mais maduro, o mercado americano oferece lançamentos e outras obras literárias lidas, por vezes, por atores e outras celebridades.
Por enquanto, a resposta é não. Para mim, a leitura é um hábito prazeroso, que requer concentração. É um momento no qual me desligo de outros problemas e questões cotidianas para mergulhar em uma história e seus personagens.
Minha memória funciona muito mais com a palavra escrita do que com a oral. Conteúdos narrados funcionam quando são mais dinâmicos, mas a beleza da literatura, para mim, reside no tempo necessário para que a nossa mente crie cenários e personalidades, a seu próprio tempo. E isso os audiobooks ainda não conseguiram fazer.
E você, já é adepto dessa onda? Faz tempo? Conte sua experiência aqui para gente!
Tainara Machado
Últimos posts por Tainara Machado (exibir todos)
- 5 melhores leituras de 2020 - 20 de janeiro de 2021
- [Resenha] A Vida Mentirosa dos Adultos, por Elena Ferrante - 21 de outubro de 2020
- Vamos falar sobre a Amazônia? - 7 de outubro de 2020
31 de julho de 2018 at 23:51
Tb penso como o texto sobre os audiobooks, preciso de concentração para apreciar o texto. Porém, acho que os audiobooks podem ser muito úteis para aprendizado de um novo idioma (otimizando o tempo gasto com o transporte).