Reta final do nosso 10º Clube do Livro do Achados & Lidos. Para a próxima semana, avançamos os capítulos 19 e 20 e concluímos a leitura O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde!
Por Mariane Domingos e Tainara Machado
A consciência de Dorian Gray continua a assombrá-lo. Na última leitura, encontramos mais episódios que exploram o limite da imaginação e da realidade. Será que Gray viu mesmo o vulto de James Vane, irmão de Sybil Vane, ou foi apenas a sua culpa o esmagando?
Era a imaginação que depositava o remorso aos pés do pecado. Era a imaginação que fazia com que cada crime gerasse sua ninhada disforme. No mundo comum dos fatos, os maus não eram punidos, nem os bons recompensados.
É interessante notar que a consciência de Gray se revela sob a forma do medo e não do arrependimento. O personagem tem medo de ser descoberto e ter sua vida interrompida.
A culpa estraga o prazer que ele tanto buscava. Nos diálogos de Gray com o amigo Lorde Henry, Wilde deixa clara a origem do caráter desprezível do protagonista: sua obsessão pela própria figura. O egoísmo de Gray está no cerne de sua degradação moral:
“Eu desejaria ser capaz de amar”, exclamou Dorian Gray, com um tom profundo de páthos na voz. “Mas parece que perdi a paixão e me esqueci do desejo. Estou concentrado demais em mim mesmo. A minha própria personalidade se tornou um peso para mim.”
Essa declaração desperta a curiosidade de Lorde Henry. Até o momento, o amigo de Gray tem sido um poço sem fim de frases feitas e teorias sobre uma vida pautada no prazer. Mas qual será sua reação quando ele descobrir que Gray colocou toda essa teoria em prática? Será que a culpa também irá alcançá-lo? Ou seu egoísmo ainda supera o do amigo?
Quando parece que a grande revelação irá acontecer, algo acontece e elimina as pontas soltas da história. Em uma casualidade do destino, Vane morre e silencia mais uma vez o segredo de Gray.
A morte é acidental, já que Vane acaba abatido nos jardins da propriedade de Gray por um de seus convidados, que se entretinha com a caça. Para o personagem, no entanto, esse parece um presente divino, que o liberta de qualquer temor sobre o seu destino. Em um episódio bastante sádico, Gray decide inclusive vistar o corpo de Vane em um estábulo, para se certificar que o marinheiro havia partido, o que o leva ao regojizo:
Quando o empregado o fez, ele deu um passo para frente. Um grito de alegria irrompeu de seus lábios. O homem que havia sido alvejado na moita era James Vane.
Ficou lá por alguns minutos olhando para o corpo. No caminho para casa, seus olhos estavam cheio de lágrimas, porque ele sabia que estava salvo.
Sem escrúpulos, tudo nos leva a crer que Gray se sairá vitorioso em sua vida dedicada aos prazeres e ao culto à beleza. Ou será que seu retrato ainda lhe guarda alguma surpresa? Conte para a gente o que espera do fim desse clássico!
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