Alerta: esse texto contém (alguns) spoilers.
Um assunto que move paixões na internet são os spoilers. A expressão, que vem do verbo inglês “to spoil” e significa literalmente estragar algo, é levada bem a sério por quem faz maratonas de séries de televisão ou acompanha sua saga favorita no cinema.
Quer um exemplo? É só entrar no Twitter depois de um episódio de fim de temporada de Game of Thrones para ver a rede social se transformar em um palco de batalha mais sangrento que os da série.
Entre os maratonistas literários, os spoilers podem causar menos cizânia, mas ainda assim podem gerar debates acalorados. De um lado, aqueles que não suportam saber como termina uma narrativa. Do outro, quem não segura a curiosidade e já corre para a última página para saber o destino de seu personagem preferido.
Eu tendo a ficar no primeiro time e chego a evitar ler as sinopses dos títulos que escolho, usando como critério de seleção autor, título ou indicação recebida, tudo para evitar estragar a surpresa que é abrir um volume sem saber exatamente o que esperar.
Não são poucos os que partilham dessa fobia. Certa vez, ainda na faculdade, uma professora causou uma pequena revolução na aula ao afirmar que Harry Potter estava “alive and kicking” depois de terminar o sétimo livro da saga, antes que a maioria das pessoas ali tivesse sequer tido a oportunidade de comprar o livro, que era lançado em português com meses de defasagem.
No entanto, quando falamos de clássicos, a cena é diferente. Algumas histórias são de domínio tão público que guardam poucos segredos ou reviravoltas. O enfeitiçamento pela vida de Anna Karienina acontece independentemente do fato de iniciarmos a obra já sabendo que a personagem será infeliz a sua maneira. Torcemos por Emma Bovary mesmo sabendo que ela morre no final. Espreitamos por uma pista definitiva, embora todos saibam que Machado de Assis levou para o túmulo a resposta sobre a traição de Capitu.
Essas verdades comprometem tão pouco a leitura que as edições da Penguin-Companhia, de clássicos da literatura mundial, são acompanhadas por longos prefácios, que praticamente contam todo o enredo do livro.
Mesmo assim, há sempre quem fique bravo por pegar uma dica. Não poderia ser diferente em um mundo em que alguns classificam como spoiler contar que Pablo Escobar está morto para quem acompanhou a série no Netflix (não contive uma pequena risada maliciosa quando li esse comentário).
Todo esse preâmbulo serve apenas para dizer que escrever resenhas, especialmente pra quem não tem nenhuma formação como crítica literária e o faz apenas por prazer, é um desafio e tanto. Como qualificar um livro sem entregar para o leitor aquela parte especialmente intrigante, ou um final surpreendente? Ao mesmo tempo, odiaria ser o tipo de pessoa que estraga a surpresa alheia falando demais sobre uma história (mais do que já fiz acima!).
E vocês, se preocupam em evitar spoilers literários e ou acreditam que a leitura não é prejudicada por essas pequenas pílulas antecipadas? Contem sua opinião aqui nos comentários!
Tainara Machado
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