O que o final desse romance reserva ao personagem de Dorian Gray? Com uma personalidade cada vez mais sombria e perigos se multiplicando à sua volta, estamos curiosas para saber o desfecho dessa história. Para a próxima semana, leremos os capítulos 17 e 18, até a página 243 se você tem essa edição da foto (da Penguin-Companhia) de O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde.
Por Mariane Domingos e Tainara Machado
Depois de assassinar o pintor Basil Hallward e chantagear um amigo para ajudá-lo a se livrar do corpo, Dorian Gray segue levando a vida como se nada houvesse, atormentado apenas por alguns poucos lapsos de consciência, que nunca duram o suficiente para fazê-lo se arrepender.
Em sua primeira aparição depois do crime, em um jantar festivo, Gray mantém as aparências, embora os amigos mais próximos percebam que ele está distante. Vestir uma máscara, nos mostra Wilde, não era nenhum esforço para o personagem, tão acostumado a esconder o segredo da podridão de sua alma. Ao usar a primeira pessoa do plural, Wilde generaliza essa vida de aparências e faz uma provocação ao leitor:
Talvez nunca nos sintamos tão à vontade como quando temos de representar um papel.
As palavras de Lord Henry – “Curar a alma por meio dos sentidos e os sentidos por meio da alma” – ecoavam nos ouvidos de Dorian Gray e lhe serviam de muleta sempre que tentava justificar seu crime. Para ele, Hallward quem havia errado ao confrontá-lo daquela forma. E, se não era possível a redenção diante do sangue derramado, ele podia, ao menos, tentar o esquecimento, testando os limites de seus sentidos:
Qual seria a expiação? Ah! Para isso não havia expiação; mas embora o perdão fosse impossível, o esquecimento ainda era, e ele estava decidido a esquecer, a eliminar a coisa, a esmagá-la como esmagamos a cobra que nos morde. Na verdade, que direito tinha Basil de lhe falar como falara? Quem o fizera juiz dos demais? Ele dissera coisas terríveis, horrendas, insuportáveis.
Gray sai então em busca de uma substância que poderia lhe proporcionar esse esquecimento: o ópio. A descrição do percurso e do ambiente em que o personagem vai procurar a droga reflete seu estado de espírito – urgência, desespero e confusão mental. Nesse lugar, ao contrário do alívio que esperava encontrar, Gray é confrontado com uma trágica realidade. Seu passado volta à tona no reencontro com Adrian, antigo amigo que caiu no vício depois de cruzar seu caminho; ou ainda nas palavras da prostituta que não hesita em gritar em alto e bom som a podridão de sua alma; e, por fim, o clímax desse trecho, o embate com James Vane, irmão de Sibyl Vane, que jurara vingança contra quem fizesse mal à sua irmã.
Gray consegue se livrar da ira de Vane apelando para sua juventude: como ele poderia ser o homem que magoara a moça há 18 anos e ter uma aparência ainda tão jovem? De imediato, Vane acredita na história, mas os comentários da mulher que acusara Gray anteriormente plantam novamente a dúvida no personagem. Será que podemos esperar um fim sangrento para esse clássico da literatura? Não deixe de escrever seus comentários aqui abaixo!
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